O futsal, uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil, enfrenta desafios que vão além da ausência nos Jogos Olímpicos. Nas escolas, as quadras de futsal são presença garantida e a modalidade é amplamente difundida nas aulas de educação física. No entanto, essa popularidade não se traduz em apoio midiático ou investimentos milionários comparáveis aos do futebol. Enquanto um único jogador de futebol pode ganhar mais do que toda a folha salarial de um time de futsal, muitos atletas de quadra lutam para sobreviver.
O sonho olímpico: Uma ilusão?
A torcida apaixonada pelo futsal frequentemente clama pela inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos, acreditando que isso traria maior visibilidade e investimentos. No entanto, a realidade pode ser diferente. O futebol está presente nas Olimpíadas há um século, e países como Estados Unidos, China e Cuba não se tornaram potências no esporte. Modalidades como hóquei na grama e badminton são olímpicas, mas permanecem pouco populares no Brasil. Assim, a inclusão do futsal nos Jogos Olímpicos poderia não trazer os benefícios esperados para os clubes e atletas nacionais. Qual outro grande benefício os clubes e atletas da modalidade teriam com a inclusão nas olimpíadas?
A verdadeira luta: Profissionalização e valorização
Ao invés de focarmos na inclusão olímpica, deveríamos concentrar nossos esforços na profissionalização do futsal no Brasil. A maior parte das equipes brasileiras não realiza contratos formais com os atletas, e poucos são registrados em carteira de trabalho (CLT). Isso expõe jogadores e comissão técnica a uma situação precária, onde a insegurança e os baixos salários são constantes. Em muitos casos, os atletas recebem um salário próximo ao mínimo e são pagos apenas por dez meses do ano.
Propostas para um futsal mais forte
Para realmente fortalecer o futsal no Brasil, precisamos de medidas concretas que valorizem e protejam os profissionais da modalidade. Uma legislação similar à Lei Pelé (ou uma "Lei Falcão") poderia ser implementada para proteger clubes formadores de atletas e garantir direitos trabalhistas básicos aos jogadores. Além disso, é essencial criar mecanismos que garantam salários dignos e estabilidade para quem vive do futsal.
Os clubes de menor investimento frequentemente perdem seus talentos para equipes maiores sem uma compensação adequada. Isso desestimula a formação de novos atletas e enfraquece a base do esporte. Uma política que valorizasse essas agremiações seria fundamental para o desenvolvimento sustentável do futsal.
O futuro do futsal brasileiro
O Brasil, terra de lendas como Falcão, Manoel Tobias e Lenísio eetc. ainda não conseguiu proporcionar condições dignas para seus profissionais de futsal. Se essa realidade não mudar, corremos o risco de ver a modalidade enfraquecer e até desaparecer. A verdadeira evolução do futsal no Brasil não virá apenas através dos Jogos Olímpicos, mas sim da valorização e profissionalização dos atletas e clubes que fazem do futsal a paixão de milhões de brasileiros.
Precisamos refletir e agir para que o futsal tenha o reconhecimento e as condições que merece. Criar outros campeonatos não vai fortalecer a modalidade. Cabo de guerra entre instituições não vai fortalecer a modalidade. Vir a publico e falar que tem o sonho de ver o futsal nas olimpíadas não vai fortalecer a modalidade. Buscar condições dignas para quem sobrevive do futsal, isso sim, vai fortalecer a modalidade.